segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Osso duro de roer

Eu, particularmente, nunca botei fé no cinema nacional. Sempre achei que filmes mais bem sucedidos como Central do Brasil, de Walter Salles, e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, só mostravam o lado pobre, violento e sujo do nosso país através de um drama pra lá de piegas. Eis que surgiu um filme que, à primeira vista, não chamou minha atenção. Talvez pelo tema, talvez pela "politicagem". Mas de tanto ouvir as pessoas falarem, acabei curiosa.


Depois que assisti Tropa de Elite, fiquei convencida de que o filme era sim, "tudo isso". O diretor José Padilha escreveu um ótimo roteiro em parceria com Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE. Sem esquecer a atuação brilhante de Wagner Moura - que ficou um charme de Capitão Nascimento - e Caio Junqueira. Resultado é que Tropa de Elite é filme que prende do começo até o fim.


Logo que Tropa de Elite chegou às bancas dos camelôs, eu fiz uma matéria sobre o filme e a polêmica. Foi quando descobri que José Padilha havia se destacado no universo cinematográfico com o documentário Ônibus 174, que eu havia assistido e gostado - e olha que abomino documentários. Com o belo trabalho em Tropa de Elite, Padilha é um forte candidato a se tornar meu diretor brasileiro favorito - e olha que não curto diretores brasileiros.


É lamentável que grande parte do sucesso estrondoso de Tropa de Elite (quase) só aconteceu por causa do escândalo da pirataria. O que a gente espera é que as produções cinematográficas brasileiras se espelhem no belo trabalho de Padilha e sua equipe para produzir filmes tão bons quanto Tropa de Elite. Nunca gostei das produções brasileiras. Mas sempre escutei que deveria valorizá-las. Então, a partir de agora, de olho no cinema nacional. "Bem que mamãe disse..."

8 comentários:

Alice Assunção disse...

Certa vez eu vi o Meirelles falando que Padilha humanizou a figura do policial esquecendo de humanizar a figura do bandido e do morador da favela. É exatamente por isso que eu acho o filme tão bom. Temos aí uma lista de filmes sobre a dura realidade das favelas cariocas explicando porque o carioca/nordestino virou traficante. Faltava um filme sob o ponto de vista policial. Não estou aqui defedendo a prática do saco exercida por Nascimento. Mas defendendo as várias leituras sobre a mesma realidade.

Eloquênicias à parte, Waguinho tá do lelê de Capitão Nascimento. Waguinho, vc é o cara....da minha vida!

Nádia Tamanaha disse...

ooohn, que declaração haha
Capitão Nascimento rox.

Gabriel Dudziak disse...

"Os senhores estão bem? Os senhores estão feridos? Os senhores estão baleados? Então hoje os senhores vão aprender a carregar corpo!"

Bruna Freitas disse...

Por isso o trabalho de Padilha é completo: consegue humanizar o policial do bope e, no documentário "Ônibus 174" fez uma leitura absolutamente completa de Sandro Nascimento, um bandido que eu sequer sabia que tinha sobrevivido a chacina da Candelária... Ele sabe andar pelos dois extremos da violência instalada no Rio de Janeiro. Belo trabalho!

Nádia Tamanaha disse...

Caraca...TUDO NASCIMENTO!

Aline Assunção disse...

Nadine...que bom que vc vai passar a prestar mais atenção no Cine brasileiro....o nosso cinema tem crescido muito em virtude dessa nova "leva" de profissionais dedicado e visionários, que vai de roteiristas á diretores, passando por atores de altíssima qualidade e ainda com uma equipe ténica de muito talento. Esqueça esses clichês típicamente brasileiros, que retrata a vida no sertão ou ainda, aquelas comédias românticas e idiotas, onde mostra um Brasil tropical, de carnaval, recheados de casos de amor e/ou perversão.
O Cine brasileiro vive um ótimo momento...demorou mas chegou néh...hahahahaha. Bom, rasgação de seda à parte,o Wagner Moura consegue ser o homem do Brasil, quer seja no BOPE, quer seja ao lado de Bebel...que cara fantástico....
Desculpa o atrasso em comentar tá...hahahahaha...mais uma vez parabéns....vc mandou muito bem....

Bjos Ná...

Aline Assunção disse...

Oh Ná....desconsidera por favor, aquele acento péssimo no trecho:que vai de roteiristas á diretores.
Corrigindo: Que vai de roteiristas a diretores...UFA!!!

Nem seu te dizer que merda foi essa que eu fiz....hahahahahahahahahaha

Unknown disse...

Olha só uma coisa que não me agradou: assisti as duas versões, tanto a pirata quanto no cinema e sinceramente não vi diferença alguma. Até uma falha que tinha na versão pirata tinha no cinema... acho que banquei o trouxa ou o dono do cinema se acha o esperto. Detalhe aqui na minha cidade (Boa Vista, capital de Roraima) só tem um único cinema. Agora cd/dvd pirata pode ser adquirido a menos de R$ 1,00 na vizinha cidade de Santa Elena – Venezuela.
Oiran Braga - Boa Vista-RR